O projeto Marrecoville visa promover o desenvolvimento sustentável da região através de uma cooperação entre humanos e natureza. Ele propõe um novo paradigma de sustentabilidade baseado no respeito aos ecossistemas. As estratégias incluem filmes, hortas orgânicas nas escolas e visitas a experiências sustentáveis para despertar a consciência ecológica. O projeto também busca o empoderamento das pessoas envolvidas para que possam realizar mudanças rumo a uma perspectiva humanista e planetária.
1. Dimensão afetiva:
O projeto Marrecoville pressupõe o desenvolvimento sustentável da região, numa tentativa de
superar a dicotomia humano/natureza, de resgatar os elos de responsabilidade esquecidos ao longo da
história da humanidade. O desenvolvimento humano, até agora, ocorreu ao preço do domínio da
natureza, da sua devastação e da degradação humana. Há uma gritante dissociação entre o progresso
científico ou técnico e o progresso moral, exemplificada nos noticiários: lixão no oceano Pacífico... morte
de 40 mil crianças diariamente pela fome ...derrame de óleo no Golfo do México... O projeto busca
apontar um caminho de cooperação entre humanos e humanos, humanos e natureza, partilhantes de um
mesmo destino.
Dimensão conceitual
O vislumbrar de uma economia sustentável do marreco será possível ao adotar-se um novo
paradigma que se apresenta como uma luz em meio ao breu da irresponsabilidade com o porvir: o
paradigma da sustentabilidade. Ele se baseia no respeito aos ecossistemas, os espaços nos quais “
diversas espécies vivem cooperativamente entre si e com a natureza.” Os profissionais envolvidos no
projeto, com seus saberes específicos, tecerão cooperativamente, uma rede de relações harmoniosa,
como ensina a mãe-natureza e preconiza a ecologia.
Dimensão estratégica
As estratégias expostas a seguir serão apresentadas à comunidade de agricultores, interessados
diretos no sucesso do mesmo, discutidas e avaliadas pela mesma, embasadas na ideia de Paulo Freire de
empoderamento, onde o sujeito ou grupo empoderado, realiza por si mesmo, as mudanças e ações que o
levam a evoluir e a se fortalecer.
Para despertar o sentimento de pertencimento do humano à natureza e o sentimento de
cooperação, o projeto prevê a exibição de filmes e documentários como “Avatar” e “Uma Verdade
Inconveniente”, e diálogos com a comunidade envolvida após as exibições. Para desenvolver a
consciência ecológica nas crianças e adolescentes, o projeto propõe o planejamento de hortas orgânicas
nas escolas e aulas de campo para conhecimento de experiências sustentáveis como a Usina de
Reciclagem e Museu do Lixo em Curitiba e a Escola Agrícola de Joinville. No que tange a participação
direta da comunidade, indica-se o estudo dos parâmetros obedecidos pelas empresas que conseguem e
mantém o certificado ISSO 14000, o estudo das características da governança corporativa e adaptações à
realidade rural e visitas a locais que experimentam gestão coletiva no meio agrícola, como o
Assentamento Justino Draszevsky em Araquari.
Dimensão conceptiva
O projeto tem como característica essencial o religare entre humano/natureza através do
empoderamento das pessoas envolvidas enquanto sujeitos de sua história e da história planetária. Diante
de máximas reducionistas, tão comuns que parecem normais como “O ser humano não tem jeito” ou “A
História se repete”, resgata-se novamente Paulo Freire e suas máximas libertadoras : “ O mundo não é. O
mundo está sendo.” “Mudar é difícil mas é possível.” A perspectiva utilitarista, que reifica seres humanos
como recursos humanos e a natureza como recursos naturais, pode ser superada por uma perspectiva
humanista, ecológica e planetária que religue o humano a si mesmo e`a natureza. A mudança é possível e
começa no sujeito empoderado.